Neco Vieira - O Moço

 

Vai um homem tão frugal na meia noite
Caminhando a só na Praça Marechal
Uns até conhecem, há quem nunca viu
Homem tão distinto, retinto e arredio,
Sobe a São João correndo, sem parar
Pede informação, pára em um bar
Canta uma morena, só pra variar
Um qualquer poema só pra impressionar,
Ela se encanta e aceita dançar
Dançam noite inteira, qual belo casal
Mas de manhã cedo já não sabem quem são
Cada qual pr'um canto, cantando pra espantar
Pileque homérico, histérico, salutar.
E vai o homem negro, outra a conquistar
Pra dançar de novo, e de novo se entregar.
Vai moço distinto, andando sem parar
Meia noite e meia, 'inda anda sem par
Anda descontente, e sente a ingratidão
Que teve a vida com seu coração.