Neco Vieira - Barão de Rodrigues

 

Quantas histórias que a história não conta
Quantas memórias que a gente não guarda
Quantos retratos, sonetos queimados
Quantos momentos tão desperdiçados
Quantas mulheres clamando por ti
Quantas viúvas maldizem meu nome
Quantos desejos a me reprimir
Mas passa um tempo e depois logo somem,
Olha se é mesmo o que a gente sonhou
Nossas crianças na boca do mundo
Nossas mentiras que a gente inventou
Tão por ai e até falam de nós,
Mas quão gigante o que tenho por ti
És um rompante que dura um milênio
Olho o semblante de ti, vejo um gênio
Desconcertante, és dono do engenho,
Veja barão, quanto tenho a pagar
Cobre com juros e eu juro que pago
Dou-te meu ombro como garantia
O resto do corpo dou-te a revelia,
Vem, em seus braços eu quero dormir
Das tuas mãos eu quero apanhar
Quero sentir o prazer de ser teu
Te ver sorrir me chamando de "meu".
Quantos os anos vou ter que esperar
Pra deleitar de um momento só meu
Ai, meu barão, não te peço perdão
Pois foste tu quem me fez na ilusão,
Quantos momentos que a gente não conta
Quantas histórias que a gente não lê
Quantos retratos deixamos pra trás
Quantos momentos não voltam jamais?
Quais os melhores que estão ao teu lado
Quais os senhores que querem seu bem
Quantos, no fim, são de fato escravos
Desse teu jeito que eu amo também.

Veja barão, quanto tenho a pagar
Cobre com juros e eu juro que pago
Dou-te meu ombro como garantia
O resto do corpo dou-te a revelia,
Vem, em seus braços eu quero dormir
Das tuas mãos eu quero apanhar
Quero sentir o prazer de ser teu
Te ver sorrir me chamando de "meu".