Diego Aquino - Meio Dia

 

O sol chegou ao pico da montanha
Ele rasgou nuvens e secou folhas
Sem dó ardeu sobre a cabeça dos bons e dos maus
Dos cães a ladrar
Ela pegou debaixo de uma pia, o seu tambor, sua lata vazia
Não se queixou se o sol a fustigava,
Pois o inverno em seu peito era glacial

Ele a viu e despediu seus discípulos
Os quais chamava de amigos
E esperou, sem cerimônias no poço,
Sem preconceito ou repúdio
Ela chegar

Lá vem ela com a sua lata na cabeça
E uma coleção de maridos em seu coração
Quem é ela? é morena, é samara que, ao meio dia, sempre busca
Água pra matar a sede, busca água pra lavar a roupa, busca pra viver uma razão

Com um olhar que de tudo desconfia
Ela desceu a sua lata vazia
E a ergueu abarrotada de água até não poder caber mais
Ele estendeu as mãos e pediu-lhe um pouco
Ela exitou e apresentou o fato de que seu povo
Não se misturava com o dele por causa de regras e leis

Mas ele sorriu e o sol não mais fustigava
Nem em seu peito invernava
Ela correu com a boca cheia de água
Inundando ruas e praças
Com a notícia que deu

E o vi com cabelos longos na cabeça
E com um amor infinito em seu coração
Quem é ele? é moreno, é um homem que, ao meio dia, me deu água
Pra matar a minha sede, sangue pra lavar a minha roupa, me deu pra viver, uma razão

Lá vem ela com um novo cântico na boca
E ao lado dela posso ver uma grande multidão
Para vê-Lo e tocá-Lo, pra ter água viva por toda a eternidade
Ter no coração felicidade, conhecer a paz e a liberdade, ter na vida uma razão