Artur Soares - De Repente Rio de Janeiro

 

Quando eu cheguei no Ri de Janeiro
As mulata tudo se arrequebrano
Os rapaz tudo se desmunhecano
Quando eu cheguei no Ri de Janeiro
Tava frio e num era fevereiro
Carnaval tava longe de chegar;
E dinheiro que é bom, cadê ganhar?
Quando eu cheguei no Ri de Janeiro.

Admito que bateu a sodade
De mamãe, de papai e de vovó
Quando eu me notei aqui tão só
Sendo o bicho mais solto da cidade
Aprendi a lidar com a malandrage
Cada pé de malícia eu conheço
Cada moça bonita eu mereço
Sem desmerecer a liberdade.

Tudo aqui nessa terra é diferente
Diferente o tempeiro do feijão
O cuscuz e as festa de São João
E os beijo que as nêga dá na gente
É na transmutação do meu repente
Que eu canto as belezas que tem cá;
Pão de Açucar, Leblon e Humaitá,
Ipanema e Aterro do Flamengo.

Estes versos dedico à Mossoró,
Julimar e Artur Carabodé,
Costa Jr., Renato e Seu Mané
E à rádio rural do seridó;
Vou queimar um matim do cabrobró
Prá espantar a pior das avareza
E se a nêga Altamira bota a mesa
Arrisca d'eu cumer um mocotó.