Vinicius Calderoni - Ponte Incerta Sobre Rio Selvagem

 

Sair da catedral ao meio dia sem vestígios de verniz
Errar, perambular de alma vazia.
Praguejando pros guris
Descrer da expressão mais comovida de que a vida sopra vida nas artérias e canais
Raspar o que restava de verniz e evitar as catedrais!

Bater quilos e quilos de mentiras escondidas no chapéu.
Rasgar sorrisos de fotografias, leiloar qualquer troféu.
E quando a boca inerte estranhamente volta à tona o gosto ardente de algum beijo mais feliz.
Despir o que restava de ilusão neste 1º de Abril.

Bater quilos e quilos de mentiras escondidas no chapéu.
Rasgar sorrisos de fotografia, leiloar qualquer troféu.
Cruzando o Rio Selvagem, Ponte Incerta,
Logo abaixo a correnteza cala o som dos bem-te-vis,
Despir o que restava de verniz, raspar o que restava de ilusão.
Lembrar de andorinhas e verões e ver que a ponte se partiu!