Seu Pereira e Coletivo 401 - É Pouco

 

Ela não vê que eu sou um exemplar de macho raro
Um seguidor determinado da monogamia
Ela não vê que a minha vida virou agonia
Quando a procuro pro chamego e ela não tá do lado
Ela não lê o lado certo do meu pensamento
O lado ande sobrevoa um anjinho barroco
Eu passo, lavo, faço a janta, vigio o seu sono
E ela me diz na cara dura, vendo o meu sufoco:
Que meu amor é pouco
O meu amor é pouco

Sou um canceriano calmo como carrapato
A minha garra quando agarra não larga tão cedo
Tenho medo que ela não sambe com meu samba enredo
Se eu me anredo ela vem deitar na minha rede
Ela não crê que eu sou um ser humano dependente
Que ela é igual pra mim tarja preta pra louco
Eu faço birra, choro, berro se ela me abandona
Ela me diz tranquila enquanto esmurro o reboco
Que meu amor é pouco
O meu amor é pouco

Pego o meu pandeiro e toco coco embaixo de sua janela
Jogo uma rosa amarela
Faço fuzuê no fundo do seu quintal
Pra ver se ela sai da toca, se ela se toca, se ela me vê
Com olhos de carnaval

Se ela quiser saber como eu vou sem ela
Vou mal
Se ela quiser saber como eu vou sem ela
Vou mal

Se ela não tá meu violão se tranca no armário
Se ela não vem, meu coração a saudade consome
Viro resto de fim de fera
Carne que ninguém come
Eu viro bicho, eu viro a mesa, me viro em dobro
Eu torço até pra que o flamengo ganhe o campeonato
Pra ver traço de felicidade no seu rosto
Eu fico roxo, eu fico muxo, mas a deixo morta
E ela sussurra em meu ouvido com seu timbre rouco:
Que meu amor é pouco
O meu amor é pouco.

Pego o meu pandeiro e toco coco embaixo de sua janela
Jogo uma rosa amarela...