- Depois do Leilão
A casa da Mariquinhas
Já nada tem que a destaque
As discretas tabuínhas
São dum velho bricabraque
Em prol da urbanização
E d´outras leis citadinas
Inventaram-se as ruínas,
Impôs-se a demolição.
Lá foram no turbilhão
Muitas relíquias velhinhas,
Porém, as fúrias daninhas
Das inovações em suma,
Por "salvação", ficou uma:
"A casa da Mariquinhas"
Mas, outra fisionomia
Lhe deram; não tem guitarras,
Lá dentro não há cigarras
Cantando a sua alegria.
À porta por ironia,
Há um porteiro, um basbaque,
A olhar por um "Cadillac"
da pessoa que lá mora...
Das coisas velhas d´outrora
Já nada tem que a destaque.
No célebre primeiro andar
Que a Mariquinhas deixou
Nem uma placa ficou
Do seu nome a assinalar.
Abertas de par em par
As janelas, são mesquinhas,
Até as próprias vizinhas
Confessam com amargor
Que falavam mais de amor
As discretas tabuínhas.
A Ti´Ana, a capelista,
Triste, queixa-se das vendas,
Já não tem saída as rendas
Nem os xailes à fadista.
O Perdigão penhorista,
Um velho de côco e fraque
Diz que tudo esteve a saque,
Que só ´spartilhos e ligas
Porque eram coisas antigas
São dum velho bricabraque
Letras
- A Casa Da Mariquinha
Amor de Mãe
Amor É Água Que Corre
Bairros de Lisboa
Bêbado Pintor
Cabaré
Conceito
Depois do Leilão
Despedida
Fado Bailado
Fado Cravo
Fado da Balada
Já Sabem da Mariquinhas
Janela da Vida
Laranjeira Florida
Lembro-me de Ti
Menina do Mirante
Mocita Dos Caracois
O Leilão da Mariquinhas
O Louco
O Marceneiro
O Pagem
O Pierrot
O Remorso
O Testamento da Mariquinhas
Remorso
Tricana
Viela